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É Desporto

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08 de Novembro, 2019

Joachim Streich. Ninguém marcou tanto como ele na RDA

Rui Pedro Silva

Joachim Streich em ação

«Não interessa o que é que as pessoas pensam do nosso futebol no Este, sempre garantiu muita diversão.» A frase post mortem de Joachim Streich evidencia, além de tudo o resto, o divertimento com que o futebolista passou pela Oberliga. Melhor marcador em quatro edições, acabou a carreira com o título de máximo goleador do campeonato e… da seleção. É um nome incontornável da RDA.

Nasceu a 13 de abril de 1951, em Wismar, e disputou a Oberliga entre 1969 e 1985. Primeiro, no Hansa Rostock, clube onde terminou a formação e jogou até 1975, depois no Magdeburgo. Com um faro para a baliza invulgar, tornou-se uma das figuras mais regulares da RDA. Não conquistou o campeonato uma única vez mas foi distinguido com o título de melhor marcador em quatro ocasiões. Quando terminou a carreira, em 1985, levou com eles dois recordes que nunca seriam batidos: máximo de golos na Oberliga (229 em 378 encontros) e pela seleção da RDA (55 em 102).

É difícil conseguir alcançar uma carreira como a de Joachim Streich. Não é dos jogadores mais famosos – ou reconhecidamente talentosos – da República Democrática da Alemanha, mas as estatísticas jogam a seu favor de forma esmagadora. Num campeonato dominado por equipas como Dínamo Dresden e Dínamo Berlim (campeões em 12 das 16 temporadas da sua carreira sénior), Streich foi somando golos atrás de golos.

No Hansa Rostock começou a dar nas vistas, e até se estreou nas competições europeias (sem marcar), mas nunca conseguiu sequer ajudar a equipa a atingir o pódio da Oberliga. Depois, em 1975, foi contratado pelo campeão em título Magdeburgo.

À primeira vista, a transferência tinha tudo para garantir uma nova fase mais positiva na sua carreira a nível coletivo. O Magdeburgo vencera a Taça das Taças em 1974 e tinha acabado de conquistar o terceiro título nacional das últimas quatro temporadas. Parecia ser um emparelhamento perfeito para juntar golos a títulos mas… só os primeiros apareceram.

Streich nunca conseguiu mais do que o segundo lugar do campeonato – 1977 e 1978. Na Taça da RDA, porém, brilhou com três troféus alcançados: em 1978, em 1979 e 1983. Depois de ficar em branco nas duas primeiras presenças em finais, foi decisivo na goleada imposta ao Karl Marx Stadt (4-0), festejando o primeiro e o terceiro golos.

Haver um golo de Joachim Streich era inevitável e em 1977, na segunda época ao serviço do Magdeburgo, o avançado terminou no primeiro lugar da lista de melhores marcadores pela primeira vez, ajudando o seu clube a alcançar o segundo posto na Oberliga. Curiosamente, e apesar de ter sido quatro vezes o melhor marcador do campeonato, Streich nunca o conseguiu fazer em anos consecutivos.

Avançado também brilhou ao serviço da seleção

Mais interessante ainda é reparar que o fez sempre com um ano – e um ano apenas – de intervalo. Fê-lo com 17 golos em 1977, com 23 em 1979, com 20 em 1981 e, finalmente, com 19 em 1983. Nesta última temporada, Streich igualou o recorde de Hans-Jürgen Kreische, antiga lenda do Dínamo Dresden, com quatro distinções de melhor marcador.

A veia goleadora de Streich não se limitava ao campeonato doméstico. Ao serviço do Magdeburgo marcou 17 golos nas competições europeias, num total de 38 encontros, e pela RDA chegou aos 55 golos em 102 internacionalizações, garantindo que seria para sempre recordado como o melhor marcador na história da seleção.

Quando o Muro de Berlim caiu, Streich já estava a meio da sua carreira de treinador, iniciada em 1985 no próprio Magdeburgo, de onde tinha saído como futebolista. Também aqui o campeonato teimou em fugir, não conseguindo fazer melhor do que o terceiro lugar em 1990.

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