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É Desporto

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14 de Abril, 2021

Carolina Marín. Um basta à hegemonia asiática

Rui Pedro Silva

Carolina Marín

Se toda a gente gostasse do mesmo, o mundo seria monótono. Em Espanha, os Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992 ajudaram a catapultar um espírito de diversidade no desporto, mas o futebol continuou a ser a modalidade mais mediática.

Real Madrid e Barcelona dividem o domínio e dão pouca margem para surpresas. Quando chegam, os turistas vão em peregrinação ao Santiago Bernabéu ou ao Camp Nou ver de perto os palcos onde reinam Ronaldo e Messi. Mas o mundo não é todo igual, e o ministro do Desporto da Indonésia decidiu quebrar com o mais esperado e preferiu conhecer Carolina Marín a pisar o mesmo relvado por onde já passaram Ronaldo, Zidane, Figo e muitos outros.

Quem é Carolina Marín? É a espanhola que continua a furar as supremacias hegemónicas no badminton, uma modalidade em que os asiáticos dão cartas e permitem tão poucas surpresas nas finais como Real Madrid e Barcelona em Espanha. Em 25 edições, a China é rainha e senhora na prova feminina, com 15 títulos. Na segunda linha estão Indonésia e Dinamarca com dois, enquanto Índia, Japão e Tailândia têm um.

Pelo meio, há uma espanhola com três. Essa mesmo, Carolina Marín, a lenda do país ibérico, a versão feminina de Rafael Nadal. «Ele luta por todas as bolas, eu por todos os volantes. E até que estejamos mortos não damos um jogo por perdido», explicou Carolina depois de ter sido bicampeã mundial em 2015, justificando as comparações com o maiorquino.

Na final que lhe valeu o bicampeonato, essa tendência voltou a ser muito clara no triunfo sobre a indiana Sain Nehwal por 21-16 e 21-19. No segundo parcial foi obrigada a uma grande reviravolta, respondendo a uma desvantagem de 6-12 com sete pontos consecutivos.

Sozinha, criou uma nova ordem mundial. Se conseguir desviar um título das asiáticas já seria muito meritório, fazê-lo duas vezes em anos consecutivos (2014 e 2015) e voltar a brilhar em 2018 garantiu uma entrada direta para a elite da modalidade.

Quando venceu o segundo título em 2015, igualou algo que apenas três chinesas tinham alcançado – o campeonato do mundo pela segunda vez (Li Linweng em 1983 e 1989, Han Aiping em 1985 e 1987 e Xie Xingfang em 2005 e 2006. Mas o título de 2018, alcançado contra a indiana PV Sindhu, elevou-a a um patamar inalcançável.

Carolina Marín é a única mulher com três ou mais título mundiais de singulares na história do badminton e na vertente masculina apenas um atleta conseguiu fazer igual ou melhor: o lendário Lin Dan, que foi campeão em 2006, 2007, 2009, 2011 e 2013.

«Consigo porque penso que consigo» é o mote da lenda espanhola, que com 14 anos abandonou Huelva rumo a Madrid para abraçar definitivamente a modalidade e relegar a paixão pelo flamenco para segundo plano. A aposta foi ganha. Começou a dar nas vistas nos escalões jovens e em 2014, em Copenhaga, garantiu o primeiro título mundial para um país europeu desde que Camilla Martin, pela Dinamarca, havia vencido em 1999. Desde então, oito títulos consecutivos para a China e um para a Indonésia, em 2013, por intermédio de Ratchanok Intanon.

Carolina Marín também é a campeã olímpica em título e promete ser uma das maiores candidatas ao ouro em Tóquio, praticamente no centro da hegemonia da modalidade.

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